Monday, January 20, 2014

São lágrimas de sangue

Entre soluçares inesperados
que lágrimas são estas?

Será que não prestas?

Pensava secos
esses aquíferos
que nasciam de meus olhos
com teus comentários míseros


Vejo-os renascidos
descendo por rios
de lágrimas
que a face lambe

a pele engulfa
olhos molham
e alma sangra

Não é a primeira vez
não são duas nem três

que nem tudo é dito
mas tudo parece cortês

Queria eu saber
porque escolhes a minha dor
com realidades falsas

vividas (cautela!)
a teu bel-prazer

Friday, November 15, 2013

Da janela

Sobranceiro e alapado, escuto e contemplo.




-Beijava os teus lábios pensados por entre sussurros de histórias de principes e princesas, cavaleiros e donzelas, Crimson's & Clovers, sujeitos ao crime sendo invisiveis lovers.



Naquele terminal de aeroporto, todos os sentidos embraçavam e abraçavam esse momento como crianças, orfãs de sangue, saltando de nenúfar em nenúfar. Sabes quando a poeira levanta no ar, naquele singelo movimento em que é iluminada e brilha? Aquela, desculpa-me a forma de expressão vernácula: puta da luz. Aquela que passa pelo escuro e se desdobra em múltiplas brilhâncias, aquele prisma do qual a luz vai, vem, viaja e se compõe: As cores que ocultam escalas de cinzentos. E depois tem os flashes. Os blackflashes, os multiple flashes e os parallel flashes. E tudo é não apenas um bocado de dança, mas a dança toda, pululando por todos os minutos e medidas de tempo paralelas que recobrem o fabrico, a malha desta, desculpa o vernáculo de novo: merda toda!



Nesse terminal que parece que tinha sido combinado. Aquele amigo que ligou da terra em que o café chove nos campos, nesse dia de pim pam pum em que digitei os digitos. O que tinha viajado depois de uma visita. Aquela harmonia, melodia e sonoridade em que estávamos juntos e não estávamos. Aquela, tu sabes, a de sempre que se lança, bate e rebate nesse espéctaculo de luz que nasce das poeiras que magesticamente se entredançam no ar, fazendo chuvas de estrelas. Com mais ou menos particulas no ar, mais ou menos sol é dessa janela em que te vi também ultimamente que me acenas pesada com altivez. Mencionando um arrependimento que eu mencionei á anos e anos atrás. Não agora, nunca agora. Agora havia harmonia apenas. Agora que revive a memória daquela traquina que sorria com uma face das bolachas após o percurso pedestre numéro 7 em que dissemos até já. Iridescências que se aconteceram num qualquer terminal, onde tinhamos chorado de felicidade só pelo rever de alguém que esteve sempre lá. Estava tudo lá, no olhar, todo o passado presente e futuro. Num único momento. Uma sabedoria e compreensão conscientes de como o presente parece passado futuro e imperfeito na sua simplicidade.



Nesta trama toda imaginada, este filme new wave, o carro fúnebre passava silencioso. Não deu para ver a sombra a aproximar-se. É daquelas coisas, senti por trás de uma esquina e já conheço o som que anuncia a sua chegada. Envolveu até, acho e não tendo a certeza, um sonho que parecia dizer-me qualquer merda que mais uma vez só uma parte de mim consegue escutar. E... soubesses tu como eu sangrava pelos olhos quando me despertei nessa noite. Raios, vem do sub, que tem sido uma hard way. E só paz. uma eterna paz... Regurgitava sangue velho. Estava seco. Tanto coágulo, tanta ferida eram expelidos secos, sentia-me curado. Era tempo de beber da fonte que tudo inspira e a tudo provém de maná. Era....



Porra pá... de instinto mordo a mão e a realidade encontra-se. Apreciando-a, encontro em mim o mais profundo da escuridão de onde vim renascido. Em luminescências.



De novo perdida, porque uma conexão parece, de novo, uma perseguição... E eu que estive a tentar olhar para o lado tantos meses de novembro, o doce novembro do encontro, vi sempre uma marca, uma mão.. Porra pá, não: Ouvi! Aquela sinfonia com a mão do Maestro, da música da 7ª sinfonia.

Coço a cabeça e arrepio-me. É peso a mais para alguém como ela, pensei, enquanto conjugava aquela finesse e stylish que lhe vi nascer, aproximo-me a passos largos e já não surpreende. O terminal, como esperado está vazio. Não há poeira levantada por espiritos de luz que correm por uma cachoeira em infantis gargalhadas . A poeira que brilha vê-se de uma friesta da janela, que foi decidido pela jurisprudência da providência cautelar dos bons amigos (sabes, aqueles serviços públicos do costume), ser condenado a um quarto só meu.
E perante tamanha envolvência, fugias de novo, com medo.


De súbito... outro carro passa. Um carro de bois. E como aquele cowboy marcha tão tranquilo na sua simplicidade, um ritmo único.

Tempo de deixar cometas para trás trazendo na cauda o espirito ohm; aquela melodia que, como sabes hoje, modela tudo o que te preenche todo o entorno distribuído por yins e yangs que sussuram desde o ruído de fundo. Até era o logotipo daquela ilha que a gente gostava de visitar, não pelas praias, mas sim pelas selvas e mistério que datam de tempos em que o finito era infinito.
Flash Forward.



A passos largos vislumbro o hall do terminal e apenas o muro da fronteira em que uma vez mais, passei no detector de metais fazendo todas as provas possíveis. Mas desta vez, ironicamente não.



Fui preso. Possuia um karma-sutra pelo qual tinha vivido, de uma edição ilegal que explicava todas as posições.

- Lá, tinha sido proibido pelo império, aprendi.

Sunday, May 26, 2013

O Amor e a Memória

O Amor e a MemóriaO amor e a memória conspiram juntos. É por não nos conseguirmos lembrar de quem amamos que temos de estar sempre junto dela. A olhar para ela. Cada vez que a vejo sou apanhado de surpresa. Baque do costume. Já chateia. É sempre diferente, mais bonita, mais interessante do que eu pensava. 
Porque é que eu não me consigo lembrar da cara dela? Já tentei. Já fiz tudo. Fiquei acordado a tentar aprendê-la de cor. Estudei-a. Sobrancelha por sobrancelha. Dez minutos para cada uma. Tomei apontamentos. Escrevi-a num caderno. Tirei-lhe fotografias. Pendurei-a na parede. Decorei o meu quarto (e os interiores do meu coração) com ela, mas mesmo assim não a consigo ver. No momento em que tiro os olhos dela, desaparece. Os meus olhos prendem-se a ela, mas os olhos dela não param dentro de mim. Isto assusta-me. Ela impressiona-me tanto. Mas não deixa impressão. Deixa um vazio. É isso que o amor faz. Troça de nós. Ou se calhar ela é como um bombardeamento que presencio e esqueço. Como um soldado cheio de medo, escondido na minha trincheira, varro-a da memória. E depois ela volta quando começo a sonhar. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'As Minhas Aventuras na República Portuguesa'

Monday, April 22, 2013



She -Another day goes by without you.. uhh
He - The other night I tried to miss U
Am I too con to my?
It's easier to go blind
She - Just to believe in you, I'll die
I'll diee

Each morning you wake up beside me
yeahh... youuuu
He - I feel you sleeping away behind me
I used to blind to my
It's easier to stop trying
She - I'm such a fool for you, I'll die
I'll dieee

Both - I've shouldn't be like this
Should be full of bliss
We should seal it with a kiss
But you say,
enough of this

She - I've shouldn't be like this
next time make sure U miss

He - I've shouldn't be like this
Should be full of bliss
We should seal it with a kiss
But you say,
enough of this

Both - It shouldn't be like this
Should be full of bliss
We should seal it with a kiss
But you say,
enough of this

She - tururururu ooohh
I'll die, I'll die
tururururu ooohh
and I'm dying, I'm dying
tururururu ooohh
No!
tururururu ooohh
I'll die, I'll die

ohh
No

I and you

He and She - I've shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this
shouldn't be like this

No.

Tuesday, April 09, 2013

Carpem-me esse diem

In Publico

"Carpem-me esse diem

Nós, Geração Y, estamos dispostos a mobilizar cromossomas de encontro à única fonte de mudança que ainda nos deixam governar: o monstro nas nossas cabeças
Texto de Mariana Seruya Cabral • 09/04/2013 - 12:45

Somos uma geração com nome de cromossoma. Às vezes chamam-nos "Millenials", outras vezes Geração Y, não sei, todos me parecem nomes demasiado adornados para a decrepitude em que estamos. Somos sim a geração qualificada, flexível e faz-tudo, malabarista dos "gadgets", a geração que estudou e lutou pelo lugar ao sol, mas que chegou à idade de agarrar a vida pelos colarinhos e só encontrou sombra.

Há quem diga que esta geração vai ficar para tia, qual solteirona chegada aos "entas" que leva com "bouquets" na cara, mas noivo nem vê-lo. No entanto, sou da opinião que esta geração tem um mérito extraordinário: a vontade de combater a neurose. Tem vindo a aperceber-se de que uma das medidas de combate à crise é evitar abusar da palavra "crise", que já fede de tão bafienta. Recuso-me a contribuir para o monpólio deste vocábulo nos "clippings" nacionais, por isso vou substituí-lo por "vadia".

Deixámos que os políticos e os meios de comunicação fossem longe demais. Demos demasiada confiança à desconfiança e esta vadia deixou de ser uma conjuntura para ser um estado espírito, sintomático e manipulador. É tão presente que chega a ser física, dói-nos no sítio onde tomamos as decisões e fala a língua do medo, da desconfiança e do torpor. Rouba-nos o oxigénio que outrora nos levava a fazer planos impulsivos a cinco, dez, 30 anos de distância, com alpendres bonitos e descendência abundante.

Mas a vadia dá-nos ousadia. Quando se tem pouco é-se criativo a fazer mais com menos. Sinto que, aos poucos, e de forma discreta, temos sido capazes de reinventar estilos de vida sem que a vadia estivesse presente em cada vez que escolhemos "low-cost" em vez de normal, atum em vez de marisco. Nós, Geração Y, estamos dispostos a mobilizar cromossomas de encontro à única fonte de mudança que ainda nos deixam governar: o monstro nas nossas cabeças.

Não vamos ficar para tia
Sinto que estamos melhores a decidir o que é importante. Mais do que nunca nos revemos em mensagens "carpe diemistas" e procuramos evasão em prazeres simples, seja em modo natureza, refeição caseira, corrida à beira-mar, convívio em família. Precisamos de dar tempo de antena aos outros sentidos: olfacto, tacto, audição e, acima de tudo, um merecido "reboot" à visão (arrisco dizer que muitos olhos já viciaram o reflexo de Pavlov ecrã = trabalho).

Sinto que estamos melhores a seleccionar informação. Reagimos à falta de tempo com a escolha minuciosa dos tópicos de interesse. O nosso Google Reader — paz à alma dele — é a nossa bíblia, a barra de Favoritos a nossa bússola digital. Não só estamos decididos a absorver informação em quantidades humanamente razoáveis, como queremos que ela realmente acrescente valor.

Em tempos difíceis, damos por nós em reuniões de trabalho, daquelas que sugam a alegria de viver, a ruminar sobre o sentido da vida: “Será que chega trabalhar para os meus chefes, e os meus chefes para os seus chefes, num ciclo fechado que só beneficia os seus e a própria empresa? Para depois entregar metade ao Estado?”

O contraciclo obriga a questionar. E a cravar mais fundo a pegada, porque o terreno é hostil. Posso estar enganada, ou porventura ter uma amostra não representativa da maioria, mas estou convencida de que os millenials de hoje querem ajudar o seu futuro-adulto a não se arrepender das coisas que não fez. Podemos ter de ser mais pacientes, penar ou emigrar, mas não vamos ficar para tia."

Monday, February 04, 2013

A força Yin


"Agora que já convenci todos que tu és um maluco e doente e que de forma alguma te Amo porque passei e fui o pior contigo, mesmo que até note que estamos conectados por merdas fantabulásticas que até a mim me deixam a coçar a cuca, já posso convencer-me a mim mesma e seguir a dar a pessoa que tu ajudaste a acontecer para outros, haverá alguém igual a ti seguramente, mesmo que saiba que cada um desses pequenos e doces momentos seriam bem melhores contigo. Consigo ser mais forte que isto, vês? Consigo até ser mais forte que Eu!"

-Eu sei Amor. És forte.





Friday, February 01, 2013

Sonhos & Pesadelos


Em sonhos recordo aquela noite em que eu ia para o Sul. Em que Nos encontrámos num qualquer recanto de Bustelo. E recordo tão vivida e lucidamente como se fosse hoje. Aquele momento em que brincávamos em DOS e a bateria foi abaixo. Era nítido o bem-estar. Aproximámos-nos lentamente. Eu tremia, tu jubilavas de emoção. E aquele beijo tão sentido, tão esperado tornou-se em certezas. Subitamente no teu coração e no meu vivia apenas uma certeza. A certeza. A união de duas almas que se buscavam. 
A carne não apelava e a alma sorria com lágrimas de emoção na escuta da minha música. Eventualmente escutava e encontraria a tua, seguramente.
Recordo aquele zénite matutino em que o sol banhou os teus olhos e os meus de alegria. Em que o tempo parecia apenas um lento palpitar. Em que o adeus foi um até já.
Essa noite de dança de espiritos em transcêndencia reproduz-se vezes sem conta no meu coração.

Teria tanto para falar contigo. Tanto para sentir contigo. Mas a perversão que provoquei em ti resultou numa faca de dois legumes. Eu passei a ser o depósito de merda, afinal, tanto que eu fazia era provável que aguentasse tudo o que viesse de ti.

Perdemos anos e momentos que não voltam. Verdades absolutas que não se revelam.
A vida enganou-te docemente tragando-te aos poucos para um abismo. Fui lá ao fundo inumeras vezes. Fui ao teu fundo. Fui ao meu fundo. Fui á essência do mundo.

De lá vim ainda mais completo, ainda mais experiente, ainda mais consciente, ainda mais visionando um Uno tripartido de corpo, alma e mente. Mas vim sem ti. Tens ficado por lá, escondida, impregnada no status, socialite e bebidas de ocasião. Nos falsos amigos que nos trairam, que te trairam.

Eu hoje decidi não prever mais nada. Sou como o vento que sopra gentilmente na tua alma.
Não sei se estarei aqui. Não sei mesmo se ainda estás aí, apenas sei que tudo o que não vivemos será um fardo que não ficará em mim.

Lamento a forma como te esqueces. Como nunca nos recordaste. Como nunca olhaste dentro de ti.

Mas principalmente, o que mais lamento... É o que nunca proporcionaste.
O barco que continuamente furaste
O prato em que cuspiste
A madeixa de alma que me arrancaste.


A busca incessante que fazes por mim. Aquilo que nunca buscaste em mim. A quantidade de merda que aturei por ti.. Aprendi.

Talvez o respeito seja algo que eu um dia conquiste de ti, se eventualmente nunca mais te dirigir um sorriso, um olhar, uma palavra.

O que isso resolve? que certezas isso cria, que dúvidas levanta? Bom.. Eu vi tudo, tenho as minhas certezas.

Não sei Amor... O jardim para onde viajaste levou tudo de mim sem esse eu estar contigo.

Não sou mais forte que Eu. Para ser Eu tenho que ser Eu.

Força... O que é a força afinal? O que é ser forte? O que é que sabes de mim destes meus anos? Que conquistas, que derrotas, que momentos em que te carreguei ás costas?? Quantas batalhas, quantas espadas, quantas falsas cinderelas e suas criadas?

Tanto por dizer, tanto por falar, receio vivamente que esse manto de silêncio em que nos envolucraste te vá atafegar.

A arma de sonho sou eu. As pessoas que procuras nunca serão eu. Não estiveram lá, não conheceram tudo de ti.
A nossa ligação é única.

Gostava que soubesses quanto nas mesmas etapas pensamos igual, quanta ligação temos que sinto quando tás bem ou mal, que pressinto quando me chamas lá no fundo só para saber se ainda estou aqui.

Mas o enredo em que nos metemos envolve muitos sapos. Muito ir contra coisas que dissemos.

E nesse cobertor de orgulho em que envolves o teu coração, vais secando o prado que o alimenta.

Reafirmo: Não estarei para o pior de novo. para as merdas. para as chatices.

Aguentar-te uma vida inteira supõe viver o presente que te vejo a viver sem mim de cimeira. Eventualmente não farás ideia do quanto estariamos a viver. Da fuckin' magia em que não acreditas. Na quantidade de sucesso que viviamos, conquistas, vitórias, alegrias. Do quanto o teu sucesso era o meu e vice versa. Do quanto o meu Caos cheio de oportunidades que fez germinar as tuas se encontra magicamente na estabilidade que proporcionas. Do yin & yang que somos. Quase jurava que nos temos encontrado continuamente nas ultimas vidas. Do brilho que irradiámos juntos. Tudo conversa de chacha com o bunker em que fechaste a coisa mais linda de ti.

Vai contra tudo o que te tirou de mim. Verás que esse juízo provocado por circunstancias absurdas está tão longe da realidade quanto estás longe de ti. Mas tudo, é tudo e tudo para ti, nesse conforto social é muita coisa. Sou realista. És fraca demais para seguires o teu próprio pulsar e sem mim, pulsa ainda menos.

E dentro de mim, ainda vives, ainda brilham os teus olhos, ainda és banhada pelo sol ao amanhecer.


Enquanto eu não o transformar em noite.