Friday, November 15, 2013

Da janela

Sobranceiro e alapado, escuto e contemplo.




-Beijava os teus lábios pensados por entre sussurros de histórias de principes e princesas, cavaleiros e donzelas, Crimson's & Clovers, sujeitos ao crime sendo invisiveis lovers.



Naquele terminal de aeroporto, todos os sentidos embraçavam e abraçavam esse momento como crianças, orfãs de sangue, saltando de nenúfar em nenúfar. Sabes quando a poeira levanta no ar, naquele singelo movimento em que é iluminada e brilha? Aquela, desculpa-me a forma de expressão vernácula: puta da luz. Aquela que passa pelo escuro e se desdobra em múltiplas brilhâncias, aquele prisma do qual a luz vai, vem, viaja e se compõe: As cores que ocultam escalas de cinzentos. E depois tem os flashes. Os blackflashes, os multiple flashes e os parallel flashes. E tudo é não apenas um bocado de dança, mas a dança toda, pululando por todos os minutos e medidas de tempo paralelas que recobrem o fabrico, a malha desta, desculpa o vernáculo de novo: merda toda!



Nesse terminal que parece que tinha sido combinado. Aquele amigo que ligou da terra em que o café chove nos campos, nesse dia de pim pam pum em que digitei os digitos. O que tinha viajado depois de uma visita. Aquela harmonia, melodia e sonoridade em que estávamos juntos e não estávamos. Aquela, tu sabes, a de sempre que se lança, bate e rebate nesse espéctaculo de luz que nasce das poeiras que magesticamente se entredançam no ar, fazendo chuvas de estrelas. Com mais ou menos particulas no ar, mais ou menos sol é dessa janela em que te vi também ultimamente que me acenas pesada com altivez. Mencionando um arrependimento que eu mencionei á anos e anos atrás. Não agora, nunca agora. Agora havia harmonia apenas. Agora que revive a memória daquela traquina que sorria com uma face das bolachas após o percurso pedestre numéro 7 em que dissemos até já. Iridescências que se aconteceram num qualquer terminal, onde tinhamos chorado de felicidade só pelo rever de alguém que esteve sempre lá. Estava tudo lá, no olhar, todo o passado presente e futuro. Num único momento. Uma sabedoria e compreensão conscientes de como o presente parece passado futuro e imperfeito na sua simplicidade.



Nesta trama toda imaginada, este filme new wave, o carro fúnebre passava silencioso. Não deu para ver a sombra a aproximar-se. É daquelas coisas, senti por trás de uma esquina e já conheço o som que anuncia a sua chegada. Envolveu até, acho e não tendo a certeza, um sonho que parecia dizer-me qualquer merda que mais uma vez só uma parte de mim consegue escutar. E... soubesses tu como eu sangrava pelos olhos quando me despertei nessa noite. Raios, vem do sub, que tem sido uma hard way. E só paz. uma eterna paz... Regurgitava sangue velho. Estava seco. Tanto coágulo, tanta ferida eram expelidos secos, sentia-me curado. Era tempo de beber da fonte que tudo inspira e a tudo provém de maná. Era....



Porra pá... de instinto mordo a mão e a realidade encontra-se. Apreciando-a, encontro em mim o mais profundo da escuridão de onde vim renascido. Em luminescências.



De novo perdida, porque uma conexão parece, de novo, uma perseguição... E eu que estive a tentar olhar para o lado tantos meses de novembro, o doce novembro do encontro, vi sempre uma marca, uma mão.. Porra pá, não: Ouvi! Aquela sinfonia com a mão do Maestro, da música da 7ª sinfonia.

Coço a cabeça e arrepio-me. É peso a mais para alguém como ela, pensei, enquanto conjugava aquela finesse e stylish que lhe vi nascer, aproximo-me a passos largos e já não surpreende. O terminal, como esperado está vazio. Não há poeira levantada por espiritos de luz que correm por uma cachoeira em infantis gargalhadas . A poeira que brilha vê-se de uma friesta da janela, que foi decidido pela jurisprudência da providência cautelar dos bons amigos (sabes, aqueles serviços públicos do costume), ser condenado a um quarto só meu.
E perante tamanha envolvência, fugias de novo, com medo.


De súbito... outro carro passa. Um carro de bois. E como aquele cowboy marcha tão tranquilo na sua simplicidade, um ritmo único.

Tempo de deixar cometas para trás trazendo na cauda o espirito ohm; aquela melodia que, como sabes hoje, modela tudo o que te preenche todo o entorno distribuído por yins e yangs que sussuram desde o ruído de fundo. Até era o logotipo daquela ilha que a gente gostava de visitar, não pelas praias, mas sim pelas selvas e mistério que datam de tempos em que o finito era infinito.
Flash Forward.



A passos largos vislumbro o hall do terminal e apenas o muro da fronteira em que uma vez mais, passei no detector de metais fazendo todas as provas possíveis. Mas desta vez, ironicamente não.



Fui preso. Possuia um karma-sutra pelo qual tinha vivido, de uma edição ilegal que explicava todas as posições.

- Lá, tinha sido proibido pelo império, aprendi.

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